Clas Comunicação e Marketing – por Carlos Laerte
Embora seja uma prática violenta, nem sempre falar de violência é falar sobre bullying. Isso porque, de acordo com a psicóloga educacional do SESI Pernambuco, Daniella Menezes, não é possível dizer que uma criança ou adolescente está cometendo bullying quando ela é violenta por um único evento. A especialista explica que o bullying é um ato de intimidação sistemática, ou seja, é uma violência que ocorre de forma recorrente, acarretando prejuízo físico ou emocional para o outro. Celebrado no dia 7 de abril, o Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência na Escola existe para que escola e família reflitam, em conjunto, maneiras de combater esses comportamentos violentos.
“É importante entender que a violência é um fenômeno multifatorial. Não podemos dizer que uma pessoa é violenta por um caso isolado. É sempre um somatório de fatores que leva aquela criança ou adolescente a apresentar um comportamento violento. Quando eu digo que agredi um colega uma vez, uma criança que apresentou um comportamento de rejeição a um colega por uma característica uma vez isso não necessariamente caracteriza que ele cometeu bullying. O que de fato caracteriza, inclusive do ponto de vista legal, é a repetição, é a questão sistemática”, afirma Daniella Menezes.
A psicóloga educacional explica que são várias as motivações que podem levar uma criança ou jovem a praticar o bullying, dos mais individuais aos coletivos, relacionados a questões sociais, culturais ou educacionais. Entre as formas que o bullying pode acontecer, Daniella pontua que pode ser de maneira verbal, física, moral ou, mesmo, virtual, conhecida como cyberbullying. “Talvez, o cyberbullying seja a maneira que essa prática violenta mais vem acontecendo porque a velocidade com que as informações acabam se disseminando é enorme e isso tem um alcance rápido e intenso. Não é à toa que o número de delegacias específicas para crimes virtuais vem crescendo”, destaca.
Ela explica que é preciso atuar de forma preventiva, principalmente dentro do ambiente escolar, pois somente assim é possível minimizar os impactos do bullying. “A escola tem a obrigação de promover medidas de conscientização e combate todo tipo de violência, especificamente, a questão do bullying. Não é mais um tema favorável para ser trabalhado, mas obrigatório. Então isso vai envolver desde ações sistemáticas a ações pontuais, seja através de momentos informativos, lúdicos ou de vivência, situações práticas, mas, ao longo do ano letivo, é preciso falar sobre isso”, defende.
Nesse sentido, ela avalia que é fundamental que escola e família estejam juntas, que, por isso, os pais devem ficar atentos a como está a relação dos filhos com os colegas de turmas ou de séries próximas. “É fundamental que os pais acompanhem as relações, com quem eles convivem, as formas como lidam com as diferenças, como o respeito, a empatia, o cuidado com o outro e a solidariedade são vivenciados dentro da família. Quanto mais a gente fortalece isso, mais a gente age de forma preventiva e contra a cultura de violência”.
Apesar das ações combativas e educativas que devem ser realizadas, a psicóloga educacional do SESI-PE reforça que não se deve deixar de considerar que uma criança ou um adolescente que comete uma violência não precise de cuidados. “Mas claro que o nosso olhar para quem está sendo vítima precisa ser redobrado, pois essa pessoa precisa ser fortalecida e apoiada para que seja evitado um dano ainda maior”.
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