Carta ao Presidente

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Créditos: CBF

Por Jota Jota

Ilmo. Sr. 

Ednaldo Rodrigues

Presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF)

Rio de Janeiro – RJ

Prezado Ednaldo,

Desculpe a intimidade, pois na Bahia, enquanto Presidente da FBF, nos permitia, profissionais de imprensa, tratá-lo sem as devidas formalidades, por isso, me permiti lhe endereçar esta carta aberta, para falar a respeito da Seleção Brasileira de Futebol. 

Fomos líderes do futebol mundial praticando um futebol arte, que encantou o mundo, além de termos sido agraciado com cinco títulos mundiais, credenciando-nos a exportar nossos atletas (não sei se melhores), dos escretes chamados carinhosamente de Canarinho, que eram montados em cima dos dois melhores times na atualidade.

Foram base o Santos, Botafogo, São Paulo e outros em 58, 62, 70 e até em 94 e 22, o senhor se lembra? Tínhamos uma seleção com um entrosamento invejável, isso porque para as deficiências em posições, se convocava o melhor de outras equipes, sem perder a espinha dorsal que dava ao time o chamado conjunto, hoje inexistente, haja vista nas partidas contra Venezuela e Uruguai, simplesmente por falta de tempo para treinamentos.

Assim que mudaram a forma de convocação do escrete canarinho, para uma colcha de retalhos, trazendo jogadores de vários lugares do mundo, sem tempo hábil para treinamentos, passamos a ser uma presa fácil para qualquer time. Não culpo os treinadores não, pois não sei quais os critérios adotados para essa deficiente modalidade de escolha. 

Hoje temos clubes disputando o certame nacional, o Brasileirão da série A, com equipes devidamente montadas, e jogando uma bola redondinha, vide Botafogo, Fluminense e Palmeiras (todos sem superestrelas) dentre outros, que poderiam receber reforços em suas posições deficitárias, em dois dias de treinamentos, que lhe é permitido agora, estaríamos com uma equipe coesa e produtiva em campo. 

Não quero acreditar no que muitos dizem por aí, que a seleção é uma equipe de empresários, prefiro ignorar essas afirmações, mas há de convir que existe uma pulga atrás da orelha de cada torcedor brasileiro, pois deixamos de fazer o que mais sabemos que é jogar o fino da bola. 

Me permitirei não falar individualmente de atletas, pois o futebol é um esporte coletivo, e sem essa coletividade, ele se torna improdutível e consequentemente sem conquistas, o que vem acontecendo a partir da mudança equivocada na forma de convocação. 

Presidente Ednaldo, nem tudo que é antigo é tão velho e fora de moda, e a antiga forma de convocação ainda é soberana sobre este estilo “Colcha de Retalhos” da atualidade. Assim como você conseguiu dar uma nova cara para uma CBF até sua chegada desacreditada, cheia de problemas, com seus antecessores impedidos de viajar para o exterior. Dê uma guinada de 360º na forma de convocar, não permita que esse erro se torne crônico. 

Este é um desabafo de um brasileiro amante de um futebol que em época não muito distante viu o mundo se curvar diante do nosso malabarismo praticado em conjunto. 

Presidente, falta amor e dedicação a nossa seleção, e elas aliadas ao trabalho em equipe realizado nos melhores times da terra Brasil com certeza nos devolverá o lugar mais alto de todos os pódios mundo afora. 

Pense com carinho, Presidente. 

Petrolina PE, 18 de outubro de 2023