Diário de um matuto: De volta às emoções de um jogo internacional

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Diário de um matuto: de volta às emoções de um jogo internacional

Brasil e Uruguai se enfrentam nesta terça na Arena Fonte Nova; o jogo é válido pela 12ª rodada das Eliminatórias da Copa do Mundo

Após 10 anos da realização da Copa do Mundo no Brasil, retorno a Salvador para acompanhar uma partida da Seleção Brasileira na Arena Fonte Nova e confesso que o clima não é muito diferente das coberturas dos jogos do Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil ou até mesmo uma decisão do estadual. Os protocolos continuam existindo, cada vez mais seletivos e com mais dificuldades para o trabalho dos jornalistas da mídia esportiva que improvisam para levar aos amantes do futebol os bastidores que antecedem o evento.

Até a bola rolar, aqueles que passaram pelo crivo do credenciamento convivem com a expectativa de uma notícia bombástica para enriquecer o noticiário que será levado aos ouvintes, internautas e telespectadores. Apesar do tratamento gentil e respeitoso dispensado a todos que disputam espaço em salas apertadas, é inegável e até compreensivo que existam determinadas regalias para quem adquiriu os caríssimos direitos de transmissão.

Aqueles, como eu, que ainda não gozam do prestígio da grande audiência, nos resta chegar cedo para disputar um lugar que favoreça o ângulo para captar boas imagens atrás das balizas e, às vezes, nas laterais do campo. Diferente das competições da Fifa, a Conmebol não faz a reserva com cadeiras numeradas para quem vai trabalhar no campo. O acesso é aberto cinco horas antes da partida e chegar cedo é a garantia de conseguir um bom lugar. Idoso não é prioridade, fique sabendo.

É muito bom, também, reconhecer personagens famosos do mundo esportivo alocados na mesma sala de imprensa. A grande maioria demonstra respeito e simpatia quando são abordados por desconhecidos como eu e não se negam a trocar dois dedos de prosa. Outros não se mostram acessíveis a essas gentilezas e essa minoria, talvez focada em suas tarefas, não dê importância ao networking.

Isso me faz lembrar que na última coletiva de imprensa que participei em Salvador, quando Daniel Alves estava no auge e usava a faixa de capitão da Seleção, entre os vários pesos pesados do jornalismo esportivo, bastou alguém me reconhecer e revelar a relação que tinha com o lateral, para que de entrevistador passasse a ser entrevistado para falar do filho de dona Lúcia e seu Domingos.

Lá se vão anos desse episódio marcante para mim, mas as emoções são fortes como naquele dia. e quando a bola rolar para Brasil e Uruguai, o resultado do jogo não importará tanto. Vai valer saber que estarei feliz dentro do ambiente que escolhi para viver os últimos anos da minha vida.

Carlos Humberto, há 12 dias de completar 71 anos.